Sobre a descrição de 'filme emocionante' assisti essa semana ao filme Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo. A película é um 'road movie' onde o protagonista, um geólogo de 34 anos, atravessa o sertão nordestino com a missão de mapear a região onde será construído um canal que desviará um rio - como acontecerá no rio São Francisco (infelizmente).
Emocionante?! Talvez. Depende da perspectiva. Durante todo o filme, apenas ouvimos José Renato narrar sua história enquanto cruza um Brasil seco, desconhecido e monotono. Aliás, monotonia é um adjetivo que impera bastante nessa narrativa. Muitas vezes tem-se a sensação de estar assistindo uma apresentação de slides com narração. Passar dos primeiros 30 minutos, só por curiosidade - na esperança de um ponto de virada fabuloso, o que não acontece.
Mas, como disse antes, de um certo modo o filme emociona. Ah, já ia esquecendo... Aliás, não vou contar o filme. Quem tiver curiosidade assisti.
Como eu disse, a emoção se materializa em algumas frases ditas pelo protagonista - a exemplo do título 'Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo'. Em suas reflexões e nos depoimentos que recolhe em sua trajetória, o frustrado e solitário viajante chama atenção para determinadas frases (aparentemente desconexas) que nos leva a refletir junto com ele - mas não sobre ele.
Dentre as inúmeras frases que balizam as emoções do geólogo, um texto de Noel Rosa se destaca e conclui a jornada emocional. Último Desejo, clássico do sambista carioca, desfecha e resume a história e os sentimentos de Renato.
Verdade seja dita, assistir a este filme é um desafio. Mas, por mais "tosco" que ele pareça, o filme demonstra um único objetivo: mexer com a emoção, com a subjetividade de quem assiste. E isto ele consegue.
Assistindo ou não ao filme, curta a canção.