O que acontece quando um estudante de Comunicação, fanático por música, resolve falar sobre o tema? A resposta está aqui... um blog ao estilo Jukebox de ser, que tenta fazer um mix de todos os questionamentos e dicas sobre uma arte essencial para viver, a música.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Alguém viu um porco voando por aí?

Por Laís Santos


Já passava da meia-noite de ontem (29)... eu estava visitando sites de jornais diários, agências de notícias e revistas só para ver o que havia sido publicado enquanto eu estava off. Passando pelo G1, uma chamada me chamou muito a atenção, não lembro na íntegra o que estava escrito, mas lembro que falava sobre um porco desaparecido. Porco desaparecido... acredite... e um porco do Roger Waters, baixista, vocalista e um dos fundadores do Pink Floyd.

Aconteceu no último domingo (27), na Califórnia. Durante o show no Coachella* , um porco inflável de altura equivalente a dois andares que está presente nos shows do Pink Floyd desde o álbum Animals, lançado na década de 70, começou a flutuar sobre o público quando “se soltou das amarras”. Não é a primeira vez que Waters perde seu porco, segundo o G1 isto já teria acontecido outras três vezes.

Resultado: os organizadores do Coachella estão oferecendo uma recompensa de U$$ 10 mil e quatro ingressos vitalícios para o festival para quem souber do paradeiro do porco perdido. Nada mal, né?!?!

Caso algum de vocês tenha visto um porco voando por aí deve enviar e-mail para lostpig@coachella.com. Roger Waters agradece... rs.

*Festival de Artes e Música Coachella, acontece desde 1999 em Índio, cidade próxima a Los Angeles. O Coachella 2008 contou com mais de 100 atrações, entre elas Jack Johnson, Vampire Weekend, Racounters, Fatboy Slim e os brasileiros do Bonde do Rolê

terça-feira, 29 de abril de 2008

O que há de errado com as Boy Bands?

Por qual motivo a maioria das pessoas não gostam, ou, pelo menos, não admitem gostar de Boy Bands? O Pior, é que quando o dizem gostar, atribuem isso a uma fase juvenil, quando eram crianças, ou pré-adolescentes, e anos depois dizem ter sido coisa de criança. Mas, afinal de contas, que mal há em gostar dessas bandas?

Assim define Wikipédia: Uma boy band, ou boyband (às vezes imprecisamente chamada boys band) é um grupo vocal constituído por 3 a 6 cantores do sexo masculino, que interpretam canções Pop, e geralmente também dançam. (Wikipédia).

É comum o sucesso dessas bandas ser atribuído a um publico feminino e, em geral, adolescentes. Mas, o que há de mais homens gostarem também? Os poucos que, raramente, assumem são “ridicularizados”.

Pois bem, quero dizer que, não sou gay, confio no meu gosto musical e não tenho medo de assumir que curto N’Sync, BackStreet Boys, Westlife, etc. Considero estas bandas boas. Não presto atenção à aparência ou a forma de dançar dos caras, mas sim no som que eles fazem – analiso da mesma forma que julgo uma banda de reggae, rock ou sei lá o que....

Penso, que o fato de muitas pessoas nem ouvirem essas bandas deve-se ao preconceito. Só não entendo bem preconceito com o quê. E isso é algo que vem de antes da minha época, com os embriões destas bandas que foram os New Kids On The Block e os Menudos. Particularmente, acho a composição harmônica destes grupos muito legal. É verdade que, fora as bandas mencionadas acima, não conheço outras – pelo menos não a fundo. Possivelmente esse gosto derive do meu interesse por corais. Curto muito.

Mas,é isso. Deixo aqui esta reflexão, e a sugestão de que ouçam essas bandas sem preconceito. Não estou dizendo que devem gostar, mas também dizer que uma banda é ruim só porque não atende a um gosto pessoal, é difícil. Critiquem as letras – embora eu goste de algumas – mas não julgue como sendo ruim só porque é formada por “rostinhos bonitos” (acho esses caras feios.... hehehehe.... sem está sendo preconceituoso).



PS: Galera, demoramos um pouco pra atualizar o blog mas vou tentar produzir mais. Valeu aos que tem nos visitado e comentado os textos.

sábado, 19 de abril de 2008

Ih... é o McCartney

Por Laís Santos

Gosto de músicas antigas... (já me perguntei sobre o que poderia ou não ser considerado antigo, logicamente não cheguei a uma conclusão definitiva. Portanto, chamo aqui de antigo tudo que foi sucesso ou não no período em que eu não havia nascido ou ainda não escolhia as músicas que ouvia). Algumas canções, que tocam raríssimas vezes no meu FM, me deixam com a sensação de que já as escutei muitas vezes antes. Anos 70, 80, início da década de 90... a maior parte dessas músicas são dessa época. Não posso dizer que cresci ouvindo essas canções, com exceção do material que foi lançado nos anos 90. Não vou falar de todas que eu gosto de ouvir ao mesmo tempo... vou me agarrar a apenas uma porque nos reencontramos somente há algumas horas.

Eu nunca consigo descobrir facilmente qual o nome da música ou a banda que a canta. Isso ocorre por alguns motivos: boa parte das bandas não existe mais, dificilmente são tocadas no rádio e, quase sempre, ninguém consegue lembrar de alguma informação útil (hum... eu conheço, qual o nome dele mesmo? Espera só um pouquinho que eu vou lembrar...). Estas foram as razões que atrasaram em algumas semanas meu reencontro com Hope of Deliverance. Lançada por Paul McCartney (ele mesmo, ex-Beatles) em 1993, quando eu estava no meu 4º ano de vida, no álbum Off the Ground, Hopes of Deliverance sequer passou perto do sucesso alcançado por outras canções compostas por McCartney em suas parcerias com John Lennon.

Mas, o que eu posso fazer se eu adoro a música... até mesmo aquela parte em que ele diz ” você estará sempre segurando o meu coração em suas mãos...”. É... o melhor é compartilhar...

P.S.: esqueci de contar como reencontrei a música. Foi o seguinte: após perguntar a meio mundo e não encontrar ninguém que soubesse me dar sequer uma pista, apurei os ouvidos, identifiquei palavras soltas da letra e joguei tudo no bom e velho Google... aí foi só usar os neurônios e um pouco de instinto pra revelar facilmente entre os milhares de resultados qual era a canção procurada. Simples assim... rsrsrs

Por fim, reapresento Hope of Deliverance, do Mr. McCartney:

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Eu vejo o futuro repetir o passado


Bem, esse texto é em homenagem a postagem de Tiaguinho meu amigo, fã de Cazuza.
Sou um pouco "agridoce" ao falar do cantor, mas deixo claro, que sim, gosto muito dele.

Crítica sobre o filme O TEMPO NÃO PÁRA

Por Midiã Santana

O Filme Cazuza – O tempo não pára, mostra o esforço da Indústria Cultural na construção da imagem de Cazuza como um ícone dos anos 80. Um alguém que brilhou e teve seus anos de glória, mas que após adquirir AIDS, continuou a ser um poeta que vivia intensamente. Claramente, tudo isso é muito bonito de se mostrar a um público que já tem a imagem construída e pré-estabelecida sobre o seu ídolo feito pela mídia.

Mas, é isso que o artista era realmente? Obviamente que não. No caso de Cazuza ele era um menino classe média alta, que não era um bom filho, um bom amigo, um bom aluno, e que em seus últimos anos de vida morreu impotente de suas forças, em uma morte precoce, por viver de uma forma anti-moralista, impondo no filme que ser correto não é algo necessário para a conquista dos objetivos, completamente contraditório ao que a sociedade ressalva.

O Filme não retrata de forma real quem era o Cantor. Cazuza foi filho de João Araújo, fundador da gravadora Som Livre, conseqüentemente conviveu desde jovem com grandes nomes da MPB, era um “filhinho de papai” pertencente a uma família de classe média alta.

Houve episódios de sua vida que não foram abordados, como a viajem do cantor na adolescência a Califórnia, para fazer um curso de fotografia, porém não o concluiu. Cazuza também prestou vestibular, no Centro de Comunicações de Jacarepaguá, onde foi aprovado, mas trancou a matrícula logo em seguida, pois seu único interesse em fazer o vestibular era ganhar o carro caso passasse, como o pai havia prometido. E o fato mais importante, porém vetado, que ao invés de ser apenas um usuário de drogas, Cazuza também era considerado como um traficante da Zona Sul, mas induzir o povo a seguir um ídolo traficante morador de um apartamento em Ipanema, não é o objetivo do Filme, então “direto para debaixo do tapete”.

Acredito, que esses tipos de “anseios de rebelde sem causa”, foram ocultados para que os espectadores não perdessem o elo, a proximidade com a historia do cantor. O que creio ser muito prejudicial na “reconstrução” da imagem de um ídolo, pois fatos como esses que são considerados menos importantes podem não ser percebidos pela maioria, porém os reais fãs do cantor não gostam apenas das superficialidades.

A seqüência do filme segue de forma correta, Cazuza entra no grupo de Teatro onde conhece Bebel Gilberto e Léo Jaime, que o apresenta para o Barão Vermelho, onde se torna vocalista, e depois de alguns anos sai do grupo, adquiri AIDS, continua fazendo sucesso com sua forma excessiva de viver.

A forma descarada e inconseqüente que o protagonista vivia mesmo após de descobrir a doença foi bem apresentada no filme. Mas um dos momentos mais tristes de sua carreira foi deixado de lado, e não foi abordado: Quando na capa da revista Veja estamparam uma foto dele ressaltando a magreza esquelética do cantor, com a manchete "Uma vítima da Aids agoniza em praça pública". A matéria questionava as obras de Cazuza, e afirmava "Cazuza não é um gênio da música”. Momento mais do que marcante, diria traumatizante para a vida de um cantor tão cheio de ego, vendo seu objetivo de ser um ícone sendo deturpado por uma revista, deveria ser contextualizado no filme. Obviamente, o objetivo do filme era mostrar um ídolo forte que independente de sua doença vivia intensamente, mas é claro que não iriam comprar briga com uma revista que circula até os dias atuais, para ao invés de lucrarem com o filme, terem prejuízos.

De qualquer maneira o filme merece aplausos, por relembrar a personalidade de um cantor misto, cheio de incertezas, vitórias e fracassos, e também por revelar que Cazuza percebeu a não existência de uma ideologia para se viver, e que ter ideais é questionar, interrogar o cotidiano, o despercebido. E mesmo ao cantar “ideologia eu quero um para viver”, a mensagem pode ser entendida de formas diferentes, para cada cinéfilo e ouvinte, mas infelizmente nesse tipo de "reconstrução do artista”, nunca fica explicito que a verdadeira Ideologia do Cinema é movida pela Industria Cultural.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

E Jingle é música?

Por que não seria? Só porque tem a função de vender um produto?
Jingle é uma mensagem publicitária musicada e elaborada com um refrão simples e de curta duração, a fim de ser lembrado com facilidade. Música feita exclusivamente para um produto ou empresa. (Winkipédia).

Pois bem, jingle é musica sim. Bem verdade que às vezes um tanto comerciais de mais, chatas, outras vezes, e mesmo sem nenhum atrativo – nem mesmo para o fim que se propõe.

Na última terça-feira, tive uma aula de RTVC (disciplina do curso de Publicidade – radio, tv e cinema) diferente. Tive a oportunidade de realizar um sonho – um sonho besta, mas um sonho (impressionante como coisas simples podem nos deixar feliz) – conhecer uma Produtora de áudio.

A produtora “escolhida” pelo “tio” Daniel (risos) foi a Attitude Audio Criação– aqui de Salvador. Fomos recepcionados pelo produtor, e sócio da empresa, Napoleão Cunha – musico (baterista), produtor/ empresário e estudante de cinema. A idéia era conhecer o dia-a-dia de um produtor de áudio, como são produzidos muitas das peças publicitárias que ouvimos nos rádios e nas tvs e os aspectos que interligavam a música e a publicidade.

Após comentar como o musico se envolveu com a publicidade, se tornando um elo da cadeia publicitária na Bahia, Napoleão passou a falar da produção dos jingles – que era o importante para os futuros publicitários ali presentes. Em síntese, ele nos mostrou quais eram as principais dificuldades em si produzir um jingle, ou spot (que não vou falar muito porque não está tão ligado ao tema do blog), principalmente, e mais comuns, os relativos à criação dos publicitários – que quase nunca são músicos ou têm noção do assunto, apenas escrevem o texto.

Enquanto musico, Napoleão comentou a dificuldade que existe na transformação de uma idéia, que deve vender um produto, em música, por isso, poucos são os jingles que vemos com qualidade. Foram levantadas também as dificuldades relativas à criação (que interessa mais aos profissionais da área) e tocado num assunto extremamente importante no que diz respeito à música: o plágio.

Como todos sabem, toda obra artística é protegida por direitos autorais e, portanto, precisa-se da autorização do autor para ser veiculada, alem de pagar por essa concessão. O que acontece, no entanto, é que por, nem sempre, terem verbas para pagar os direitos de alguma música, as agencias optam por encomendar uma música (me refiro à melodia) própria para a peça. Aí que mora o perigo. Com um pouco de conhecimento em música, e tomando como referência para criar uma música que ele (o criativo da agencia) já conhece, muitas vezes pode ocorre uma situação de plágio – ainda que involuntária – o que pode trazer no fim das contas mais prejuízos do que benefícios.

Enfim, para concluir quero comentar aqui uma curiosidade que Napoleão nos contou e que retrata o que é fazer um jingle de qualidade. Um dos grandes sucessos na voz de Maria Bethânia, Cheiro de Amor – que foi tema da novela global Pé Na Jaca –, foi criada como um jingle. Foi uma surpresa, para mim, saber que uma música que eu acostumei a ouvir como tema romântico executado por uma grande cantora, foi criado por Duda Mendonça como campanha de Dia dos Namorados para um motel de Salvador (ninguém ta louco, eu não me enganei, é isso mesmo!).

Agora quero ver quem vai poder dizer que um jingle não é música. E para aqueles que não conhecem, segue abaixo a letra e a música.


Cheiro de Amor
Maria Bethânia
Composição: Duda/ Jota/ Paulo Sérgio Valle/ Ribeiro

De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca
Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar
Eu me dei toda para você
De repente fico rindo à toa sem saber por que
E vem a vontade de sonhar de novo te ao encontrar
Foi tudo tão de repente, eu não consigo esquecer
E confesso tive medo, quase disse não
E meio louca de prazer lembro teu corpo no espelho
E vem o cheiro de amor, eu te sinto tão presente...
Volte logo meu amor





sexta-feira, 4 de abril de 2008

Parabéns Cazuza.

Não posso deixar de comentar sobre o aniversariante do dia – Cazuza.

Como noticiaram muitos veículos de comunicação na Internet, se vivo estivesse, Cazuza estaria completando hoje meio século de vida. E poderia, se não tivesse se entregue a uma vida desregrada recheada de drogas e promiscuidade.

Assistindo hoje a uma antiga entrevista concedida pelo cantor a repórter Leda Nagle (site G1) ouvi o próprio Cazuza admitir ser uma pessoa EXAGERADA, no amor, nas experiências, no comportamento, enfim, em tudo. Exagero esse traduzido poeticamente na numa das muitas músicas de grande sucesso do cantor – Exagerado (1985 – ano em que nasci).

Tendo iniciado sua carreira com a banda Barão Vermelho – formando uma parceria de sucesso com Frejat (idealizador da banda) – em 1985, Cazuza abandonou a o Barão Vermelho em plena gravação do 4º disco da banda (quase escrevo “cd”). Como fica claro no filme biográfico Cazuza – o tempo não para, nem mesmo o Frejat, roqueiro e, também, usuário de drogas, conseguiu conviver com o exagero do Cazuza.

A Aids, doença que vitimou o poeta, foi descoberta no mesmo ano que começou sua carreira solo e daí pra frente, senão todas, muitas das musicas do cantor foram completamente influenciadas pelo drama pessoa que ele vivia.

Algum tempo atrás recebi uma mensagem – dentre muitas que chegam no e-mail, vidas sabe-se lá de onde – em que, se não me engano, uma psicóloga criticava justamente o fato da juventude dos anos 80 e 90 terem como ídolo o Cazuza.

Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta”, critica a psicóloga.

Repassei o e-mail e recebi respostas calorosas de fãs que haviam entre meus contatos, e também eu achei um pouco de exagero da parte dela mas, não dá pra negar que ela tem certa razão. Não só podemos, como devemos, apreciar e reverenciar a obra do artista. Mas de fato é preciso dissociá-las do exmplo do individuo.

Não posso deixar de mencionar alguns dos grandes sucessos deste gênio transviado: Bete Balanço, Pro Dia Nascer Feliz, Ideologia, Beija-Flor, Faz Parte Do Meu Show, e muitos outros. A lista poderia ser muito maior do que é hoje se ele não houvesse SE SUICIDADO. Mais um gênio da música que a droga e o desregramento nos leva.

Infelizmente, não podemos mais dizer: Feliz Aniversário.

Faz Parte do Meu Show - Cazuza.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tá falando disso mesmo?

Será que quando escutamos uma música, sabemos realmente sobre o que o autor está falando? Conseguimos descobrir a fonte de inspiração para ele? Creio que não.

Bem, há algum tempo atrás fiquei sabendo que uma das músicas mais conhecidas da banda Cidade Negra, Aonde Você Mora, era na verdade uma composição da Marisa Monte. Não lembrava, e não lembro, de tê-la ouvido cantando esta música antes, e fiquei um pouco surpreso.

Até aí, nada demais. Afinal de contas, Marisa é uma compositora excepcional e esta seria apenas mais uma música. O que me chamou a atenção, no entanto, foi a historia da música que alguém (não lembro quem) me contou – quando comentei que não tinha conhecimento que tal música era dela.

Segundo me disseram, Marisa havia composto esta música no período em que se mudou para a Europa e, ao contrário do que eu pensava, o Amor a que a letra faz menção é o de uma filha pela mãe. Ela se referia a falta que sentia da mãe, de quem não havia se separado antes por tanto tempo.

É bem verdade que na gravação do Cidade Negra, eles dão a entender que a letra se refere ao Amor entre homem e mulher – o que se aplica perfeitamente. A questão é que não era sobre isso que a música efetivamente falava. Aí eu me pergunto: quantas musicas que escuto, ou já escutei, foram criadas num contexto completamente diferente ao que é apresentado? Quantas delas se referiam a situações completamente adversas e nós não sabemos.

Tomar conhecimento desta historia me fez questionar essas coisas, e também o porquê de querermos a atribuir à palavra Amor sempre um sentido conjugal. “Aonde Você Mora” falava do Amor de filial, mas, talvez por causa da interpretação, ninguém nunca fez essa relação. No entanto, nunca tentamos fazer uma outra relação.

Outro exemplo clássico da falta de conhecimento da historia e do contexto da música está nas letras de expoentes da música brasileira como Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Quem nunca ouviu musicas como Cálice – uma referencia a ditadura – e pensou se tratar de uma música meramente religiosa? Certamente, muita gente. Bem diga os caracóis dos cabelos do Caetano, escrita por Roberto Carlos, o qual, não conhecendo a historia, sempre atribuímos aos cabelos de alguma linda mulher brasileira?

Poderia citar muitos outros casos de músicas as quais atribuímos uma interpretação diferente daquela pensada por seu compositor. Porém, quero apenas deixar esta reflexão sobre a necessidade de sabermos o que realmente o que estamos cantando, precisamos, pelo menos, tentar conheceras historias. E se for para fazer outras interpretações, que façamos consciente e não por não sabermos do que se trata – isso dá uma sensação de estar sendo enganado (pelo menos pra mim).

Para que possamos iniciar este processo, aproveito para indicar o Blog Saïan Supa, que justamente conta a historia de algumas musicas.


PS: como eu disse, não lembro a fonte que me contou a historia (que é coerente) e infelizmente não tive como confirmar até hoje. Se alguém souber que o que relato não é fato, é só falar.

Para quem não lembra da música, aí vai a letra:


Aonde Você Mora (Marisa Monte)

Amor igual ao teu
Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
Que eu nunca mais verei
Amor que não se pede
Amor que não se mede
Que não se repete
Amor
Você vai ficar em casa
Eu quero abrir a porta
Aonde você mora
Aonde você foi morar
Não quero estar de fora
Aonde está você
Eu tive que ir embora
Mesmo querendo ficar
Agora eu sei
Eu sei que eu fui embora
Agora eu quero você
De volta pra mim
Amor igual ao teu...