O que acontece quando um estudante de Comunicação, fanático por música, resolve falar sobre o tema? A resposta está aqui... um blog ao estilo Jukebox de ser, que tenta fazer um mix de todos os questionamentos e dicas sobre uma arte essencial para viver, a música.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Eu vejo o futuro repetir o passado


Bem, esse texto é em homenagem a postagem de Tiaguinho meu amigo, fã de Cazuza.
Sou um pouco "agridoce" ao falar do cantor, mas deixo claro, que sim, gosto muito dele.

Crítica sobre o filme O TEMPO NÃO PÁRA

Por Midiã Santana

O Filme Cazuza – O tempo não pára, mostra o esforço da Indústria Cultural na construção da imagem de Cazuza como um ícone dos anos 80. Um alguém que brilhou e teve seus anos de glória, mas que após adquirir AIDS, continuou a ser um poeta que vivia intensamente. Claramente, tudo isso é muito bonito de se mostrar a um público que já tem a imagem construída e pré-estabelecida sobre o seu ídolo feito pela mídia.

Mas, é isso que o artista era realmente? Obviamente que não. No caso de Cazuza ele era um menino classe média alta, que não era um bom filho, um bom amigo, um bom aluno, e que em seus últimos anos de vida morreu impotente de suas forças, em uma morte precoce, por viver de uma forma anti-moralista, impondo no filme que ser correto não é algo necessário para a conquista dos objetivos, completamente contraditório ao que a sociedade ressalva.

O Filme não retrata de forma real quem era o Cantor. Cazuza foi filho de João Araújo, fundador da gravadora Som Livre, conseqüentemente conviveu desde jovem com grandes nomes da MPB, era um “filhinho de papai” pertencente a uma família de classe média alta.

Houve episódios de sua vida que não foram abordados, como a viajem do cantor na adolescência a Califórnia, para fazer um curso de fotografia, porém não o concluiu. Cazuza também prestou vestibular, no Centro de Comunicações de Jacarepaguá, onde foi aprovado, mas trancou a matrícula logo em seguida, pois seu único interesse em fazer o vestibular era ganhar o carro caso passasse, como o pai havia prometido. E o fato mais importante, porém vetado, que ao invés de ser apenas um usuário de drogas, Cazuza também era considerado como um traficante da Zona Sul, mas induzir o povo a seguir um ídolo traficante morador de um apartamento em Ipanema, não é o objetivo do Filme, então “direto para debaixo do tapete”.

Acredito, que esses tipos de “anseios de rebelde sem causa”, foram ocultados para que os espectadores não perdessem o elo, a proximidade com a historia do cantor. O que creio ser muito prejudicial na “reconstrução” da imagem de um ídolo, pois fatos como esses que são considerados menos importantes podem não ser percebidos pela maioria, porém os reais fãs do cantor não gostam apenas das superficialidades.

A seqüência do filme segue de forma correta, Cazuza entra no grupo de Teatro onde conhece Bebel Gilberto e Léo Jaime, que o apresenta para o Barão Vermelho, onde se torna vocalista, e depois de alguns anos sai do grupo, adquiri AIDS, continua fazendo sucesso com sua forma excessiva de viver.

A forma descarada e inconseqüente que o protagonista vivia mesmo após de descobrir a doença foi bem apresentada no filme. Mas um dos momentos mais tristes de sua carreira foi deixado de lado, e não foi abordado: Quando na capa da revista Veja estamparam uma foto dele ressaltando a magreza esquelética do cantor, com a manchete "Uma vítima da Aids agoniza em praça pública". A matéria questionava as obras de Cazuza, e afirmava "Cazuza não é um gênio da música”. Momento mais do que marcante, diria traumatizante para a vida de um cantor tão cheio de ego, vendo seu objetivo de ser um ícone sendo deturpado por uma revista, deveria ser contextualizado no filme. Obviamente, o objetivo do filme era mostrar um ídolo forte que independente de sua doença vivia intensamente, mas é claro que não iriam comprar briga com uma revista que circula até os dias atuais, para ao invés de lucrarem com o filme, terem prejuízos.

De qualquer maneira o filme merece aplausos, por relembrar a personalidade de um cantor misto, cheio de incertezas, vitórias e fracassos, e também por revelar que Cazuza percebeu a não existência de uma ideologia para se viver, e que ter ideais é questionar, interrogar o cotidiano, o despercebido. E mesmo ao cantar “ideologia eu quero um para viver”, a mensagem pode ser entendida de formas diferentes, para cada cinéfilo e ouvinte, mas infelizmente nesse tipo de "reconstrução do artista”, nunca fica explicito que a verdadeira Ideologia do Cinema é movida pela Industria Cultural.

12 comentários:

Tiago Cardoso disse...

Até que enfim, hein?

Rapá, se a psicologa que mencionei em meu texto tiver a oportunidade de ler este blog vai virar sua fã. Você embasou ainda mais a opinião dela.
hehehehe

Voltamos ao CONTRAPONTO do blog. Enqnt eu escrevo textos visivelmente conduzido por uma visão passional, pessoal, você retoma a escrita jornalistica.

huahuahuaha

É isso aí.... só não vale bocoitar texto recentes, ok?!

:P

Net Esportes disse...

Eu não sou fã do Cazuza mas confesso que considero algumas de suas músicas possuírem letras muito interessantes.

Cláudio Apolinário disse...

cazuza marcou uma época, o cara era louco mesmo! mas acima de tudo era um ser que "causava" diferença nesse mundo de tanta mesmice!

quando puder da´uma moral lá no meu e se puder vota na enquete!

http://somarassuntos.blogspot.com/

Polly disse...

"Eu vejo museus de grandes novidades."


O tempo não para e é cruel.
- Quanto ao texto, prefiro não comentar.

Danilo Moreira disse...

Eu assisti ao filme (acho q foi até o último q assisti em VHS...rs)

Gostei do filme, da forma como foi contada a sua vida, da atuação de Daniel de Oliveira.

Suas músicas possuem verdadeiros tapas na cara da sociedade, tapas tão profundos e atemporais que chegam a assustar, pois mostra que o ser humano é capaz de evoluir em tecnologia mas seus valores evoluem-se a passos de tartaruga.

Qto a minha postagem, primeiramente obrigado pelo comentário. Só n entendi a parte em que vc escreveu: "Mas, fica a pergunta, será que terei exposto seu texto no momento em que escreveu?"

Na epoca em que escrevi o poema tb morria de vergonha de expor por ai, confesso que até para publica-lo no blog pensei umas dez vezes com medo de pagar mico. Mas fico feliz que gostou. Já penso em postar outros poemas antigos, testemunhas de uma adolescencia que às vezes me dá saudade.

Qto a net discada, eu usei até o final de 2006 e graaaças a Deus agora uso banda larga...rs Mas a Net Gratuíta era um dos primeiros provedores gratuítos de internet aqui em SP, ele foi extinto dando lugar ao atual BOL... naquela época era até mais tranquilo pra entrar.

Bem, finalizo agradecendo de coração a sua visita, e aguardo a sua resposta.

Abçs!!!

http://emlinhas.blogspot.com/

Robson Pereira disse...

Gsotei dessa desconstrução de um idolo feita por você.
Mas acho que a exposição pública da doença serviu como um alerta para juventudes de inúmeras gerações que tiveram ou terão contato com ele.
Cazuza nunca perdeu a pose.
Nem na hora da morte.
Positivo ou negativo?

Éverton Vidal Azevedo disse...

Pra ser sincero eu nunca gostei (nenhum pouco) dessa crítica da Midiã Santana. Eu nem acho o filme grande coisa, mas ela confunde e acaba "se metendo" demais a falar do que nao sabe.

Também sou meio "agridoce" quando falo sobre ele rs, isso é normal, admiro o poeta, mas nem tanto sua vida, apesar de lá no íntimo, eu desejar que a maioria das pessoas (principalmente cristäs) que eu conheço tivessem 10% da sinceridade e da vitalidade dele.

Apesar dos pesares... Cazuza brilha e deve brilhar, porque foi um grande homem.

Abraçao, fazia tempo que eu nao aparecia aqui rs.
Inté!

Anônimo disse...

Não são fãde idolos do passado.

Pra mim a musicas do cazuza sao depressivas.


Abraço

Thiago Borges disse...

Concordo com muito do que vc falou!

Mas eu acho esse filme muuuuuuuuuuito bom assim mesmo!!
hehehehehe

Thaíssa Vasconcelos disse...

Eu sou suspeita para falar de Cazuza. Minha imagem de certa forma une-se e confunde-se com a dele, me identifico demais, com suas músicas e sua vida.
As críticas a Cazuza são fortes, e não deixam de ter sua razão. Apesar de admirá-lo profundamente, não concordo nenhum pouco com sua vida inconsequente, não o copiaria, não acho isso bonito, embora esse mesmo fato assuma uma outra conotação para mim, exemplo: eu sou uma pessoa que espera muito pelo futuro, e talvez se eu morresse amanhã, eu não teria vivido nem um terço dos meus cronológicos 20 anos. Cazuza morreu jovem, mas viveu cada minuto, a forma que ele viveu não foi louvável em frente a nossa sociedade hipócrita, mas ele viveu.
Nós, compramos a música, a obra de Cazuza, não sua vida. Certo, por ser pessoa pública sua imagem de certa forma influencia nossa sociedade tão dependente de heróis, mas acredito que nenhum de nós seríamos capaz de abandonar nossa vida, e nossos prazeres pessoais, prol a uma suposta "responsabilidade social". Fábio, autor do blog "temparaquemquer", fem um comentário em meu blog (www.eudocontra.blogspot.com), argumentando que Cazuza se rendeu a uma modinha, de sexo, drogas e Rock'n'roll. Acredito que isso era a imagem do jovem brasileiro da década de 70 a 80, e não simplesmente uma modinha, FATOS SOCIAIS não são MODINHAS, como por exemplo, nossos atuais relacionamentos frios, via internet, sua grande incidência, não é apenas uma modinha, é de certa forma um FATO. Cazuza era um típico jovem de sua época, fraco, sim, talvez pouca capaz de ser feliz sem o auxílio de alucinógenos, mas teve uma personalidade forte, humano, foi uma pessoa boa SIM, real, verdadeiro, autêntico, sem papas na língua...

A mídia o desenhou como ídolo, e em outro momento como uma criatura marginalizada, como um exemplo a não ser seguido, esquecendo-se que ele era humano e que sua vida particular, lhe era particular, lhe roubaram o direito de ser ele.

Fabrício Persa disse...

É claro que existe sim uma manipulação da imagem, principalmente nos dias de hj, q mostra aquilo que se pretende como resultado. Mas tdo o q vc escreveu aí, me pareceu mais uma da milhares Teorias da Conspiração, que sempre tem de surgir para rebater algo.
MIl perdões colega, mas Cazuza pode não ter sido exemplo de conduta a ninguém, mas ele deixou um legado artístico, poético e reflexivo de grande valia, dando-lhe a certeza, que nem 1% dos usuários de drogas (e muito menos os não-usuários) são capazes de fazer.
E querendo ou não, está entre as minhas crenças,q todo ser tem seu lado humano e sensivel, e Cazuza não é diferente, por isso não precisa ser tão rude com ele.

No mais, Agradeço a visita do soumusic e do seu comentário. =D
Tdo de melhor procês. abçOs

San disse...

Cara... gostei viu...
Naum sabia tudo isso do Cazuza e achei interresante...
Gosto muito d música, trabalhei com banda durante 5 anos, dae eu deixei pra cursar a faculdade...
Muito maneiro seu blog, já tá salvo em meus favoritos para q sempre esteja ao meu alcance...
Muito obrigado pelo comentário em meu blog, naum se intimide, pode voltar sempre q quiser...
Grande abraço a todos vcs...
L. Santiago